domingo, 16 de março de 2014

Good morning, Vietname!

Era uma vez um país dividido em dois: o Vietname do Norte e o Vietname do Sul. O norte comunista era apoiado pela China e União Soviética, enquanto que o sul tinha o apoio dos Estados Unidos. Estávamos em plena Guerra Fria quando a Guerra do Vietname começou. O conflito só viria a terminar em 1976, com a saída dos norte-americanos, deixando para trás um rasto de destruição.

Não era este país destruído que esperava encontrar em 2014, mas um país cheio de vitalidade e efervescente. Encontrei uma cidade que não dorme (Ho Chi Minh ou Saigon, se preferirem) e fiquei com vontade de descobrir cada canto do país.


A primeira noite estava reservada para o restaurante "Cuc Gach Quán", que segundo consta foi onde o Brad Pitt e a Angelina Jolie jantaram quando estiveram na cidade. Quando soube disso pensei logo num restaurante luxuoso e caro. Nada disso. Encontrei um lugar acolhedor, bonita decoração, bom serviço, pratos deliciosos e baratos. Aliás, como em todos os locais que comi, quer seja num restaurante, quer seja na rua, a comida em Saigon é sempre boa e barata.













Os petiscos:


Cerveja "Saigon"

Seabass with green mango

Fried spring roll with pork and shrimp

Fried rice with seafood

Soft shellcrap stir fried with salt and garlic

Fried bacon with lemongrass and chili
Depois de um jantar tipicamente vietnamita, tinha curiosidade em saber o que é que a vida nocturna de Saigon tinha para oferecer. O local escolhido foi a discoteca "Apocalypse", um dos sítios mais badalados da cidade. É aqui que os turistas se misturam com os locais, dançando ao som do DJ até o sol raiar. O ambiente é descontraído, a música é comercial, as bebidas são baratas. Os meninos loiros e de olhos claros do Norte da Europa fazem as delícias das meninas vietnamitas que lhes dedicam toda a sua atenção. Meninas essas que dão todo um novo significado ao conceito de mini-saia, levando o "mini" ao extremo.





A Cheryl e a Kim

O segurança e o empregado de mesa da discoteca

Johnny Hien Nguyen, segundo me disseram, um estilista famoso no Vietname

Apesar de a festa ter durado até de madrugada, no dia seguinte acordei cedo, porque a cidade ainda tinha muito para oferecer e o tempo era escasso, como de costume.

Uma das minhas filosofias de viagem é: se queres conhecer uma cidade e um povo, vai ao seu mercado. E foi isso que fiz! Mergulhei no Ben Thanh Market e perdi-me por entre as estreitas ruelas e as bancas cheias de roupa, sapatos, fruta, comida, produtos típicos, os inevitáveis "souvenirs". Há de tudo um pouco e para todos os gostos. É quase impossível sairmos do mercado de mãos a abanar, quer seja pelo facto dos produtos serem muito bonitos, quer seja pelas técnicas agressivas de venda dos comerciantes que quase nos obrigam a comprar tudo aquilo em que pomos a vista em cima.



















Caminho em direcção a Saigon Centre, sem saber muito bem o que vou encontrar, mas apenas porque é um local turístico marcado no mapa que levo na mão. Na rua o tráfego é intenso e é comum termos que nos desviar para não sermos atropelados por uma mota, mesmo que caminhemos pelo passeio. Afinal, esta é a cidade das motas! São elas que imperam. Numa cidade com cerca de sete milhões de habitantes existem cerca de 4 milhões de motas. Motas com três pessoas ou mais, incluindo crianças e bebés. Motas carregadas com sacos e mais sacos, fazendo com que o equilíbrio seja uma missão impossível. Mulheres bem vestidas e de salto alto a conduzirem as suas motas, como se fosse um verdadeiro desfile de estilo.

É fascinante e ao mesmo tempo assustador ver como os motociclistas se esgueiram por entre os carros e autocarros, fazendo verdadeiros truques malabarismo para chegarem aos seus destinos sãos e salvos. Não sei quantos acidentes ocorrem por dia, mas devem ser com certeza muitos.

São 11 horas e o calor já está no seu pico, fazendo-me saltitar de sombra em sombra. Ainda bem que comprei no mercado um "nón lá", que é o chapéu típico vietnamita feito de folhas. A juntar ao calor, a poluição entra-me pelos pulmões, fazendo com que seja difícil respirar. Não é à toa que vemos muitos vietnamitas a usar máscara na cara, principalmente os motociclistas.













Locais vestidos com as roupas tradicionais vietnamitas
para promoverem um espectáculo de música de dança


Antigo edifício da Câmara de Saigon







Todas as aldeias têm um Café Central!


O intenso calor e a hora avançada (13 horas) fazem-me salivar por mais um delicioso prato da gastronomia vietnamita. Pergunto aos meus amigos vestidos com as roupas tradicionais informações sobre os restaurantes do centro de Saigon. "Aqui nesta zona os restaurantes são muito caros!", dizem-me. A fome já apertava cada vez mais. "Quanto é que pode custar um refeição?", pergunto já desesperada. "Não sei. Nunca entrei num restaurante desses, porque não tenho dinheiro para tal", responde-me o rapaz.

Resolvi arriscar e entrei no "Time Restaurant". O ambiente era calmo e a música agradável. E só pelo ar condicionado já valeu a pena ter entrado.


Pineapple rice


Steamed chicken with lotus leaf


Tudo isto pela módica quantia de 13€. Lembrei-me do que o rapaz me tinha dito e fiquei a reflectir sobre a vida que levam os vietnamitas. Quanto ganhará em média por mês um vietnamita? Não faço ideia.

Sigo em direcção à Catedral de Notre Dame e ao Posto dos Correios. A Catedral é imponente. Mais um dos vestígios franceses deixados no Vietname. Não entrei, porque fui informada que estava fechada e não poderia entrar.






Edifício dos Correios



Cabines telefónicas


Enquanto estava no edifício dos correios rodeada por todo aquele ambiente à la século XIX, deu-me saudades de Portugal, por isso enviei uns postais que já chegaram, por isso é muito eficiente o sistema dos correios vietnamita.

À noite, fui a uma zona com imensos bares, restaurantes e discotecas. É uma área com muita luz e letreiros néon e muita actividade nocturna. Jantei na agradável esplanada do "Go 2 Eat".












Shrimp steamed in coconut

Fried rice with shrimps

Fresh spring rolls











O ambiente era óptimo, mas de vez em quando éramos perturbados por crianças que tentavam vender-nos as mais variadas coisas: cigarros, lenços, flores, bebidas, etc. Foi triste ver crianças que à 1 hora da manhã já deveriam estar na cama a dormir, a terem que deambular pelas ruas de Ho Chi Minh. E mesmo que lhes déssemos dinheiro, sabíamos perfeitamente que não era para elas porque os "patrões" estavam à espera na esquina.




Não poderia deixar Saigon sem visitar o "War Remnants Museum". No último dia na cidade foi isso que fiz. Infelizmente, só consegui chegar ao museu às 11h, por isso não consegui ver tudo, porque o museu fecha na hora do almoço.




























Há uma parte do museu, logo à entrada, que mostra os cartazes de apoio usados em manifestações um pouco por todo o mundo para pararem com a Guerra do Vietname. Claro que Portugal não estava representado. É certo que na época vivíamos um período de ditadura, mas ainda assim achei triste não termos demonstrado o nosso apoio para com o povo vietnamita. Será por isso que cada vez que eu dizia que era de Portugal as pessoas olhavam para mim com um ar estranho como se isso fosse noutro planeta? Provavelmente não tem nada a ver.

Ainda deambulei um pouco pela cidade e fui até ao "Reunification Palace", mas, como previa, também estava fechado.







De volta ao hotel, a última refeição em Saigon foi feita no restaurante do próprio hotel.

Char kuay teow com um sumo de pêssego, maracujá e chá de jasmim


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