segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Miami: no Estado do sol



O que é que Miami tem? Aparentemente, não tem nada de especial. Não tem nenhum monumento espectacular, não foi palco de nenhum marco histórico, as praias não são as melhores do mundo. Então, o que é que torna Miami tão especial? O que Miami tem de melhor não é palpável, não é visível. É um ambiente, é uma vibração, é uma aura que não dá para explicar, apenas sentir. Em Miami, até a mais chata e rezingona das pessoas se torna fixe e relaxada. Miami é o melhor dos dois mundos: é onde a desenvolvida e livre América do Norte encontra o ritmo, o sabor, a latinidade da América Central e do Sul. Miami é uma grande porta de entrada para a terra das oportunidades. Aqui, o sonho americano soa a salsa e sabe a margaritas. Com Cuba mesmo ali ao pé, não é de estranhar que, depois da Revolução, muitos cubanos viram na Flórida uma oportunidade para terem uma vida melhor (diferente?). Aos cubanos juntam-se muitos outros latino-americanos, como mexicanos, colombianos, porto-riquenhos. Para mim, é isso que faz de Miami um lugar tão único e especial, é toda esta miscelânea de culturas e povos.

South Beach

Miami é passarmos o dia a relaxar na praia (South Beach, claro!), almoçarmos tardiamente um sexy salad wrap (ou qualquer outra coisa do menu que contenha abacate) no Nikki Beach, e acabarmos a noite no Mango's ou qualquer outro bar em Ocean Drive. O Mango's é paragem obrigatória para quem está à procura de uma noite de diversão pela zona de South Beach, e mesmo que nunca tenhamos ouvido falar nesta discoteca, não é possível ficar indiferente às luzes, cores e som que chegam até ao outro lado da rua. E basta uma espreitadela de turista curioso para dar os cinco dólares de entrada e entrar num mundo onde o samba se mistura com a salsa, o hip hop, a dança do ventre, e até há espaço para um tributo a Michael Jackson. Há espectáculo num palco meio improvisado que prolonga o balcão do bar, há comida, há muita tequila, e há sobretudo uma enorme vontade de dançar. Provavelmente noutro lugar do mundo nunca entraríamos num lugar como aquele, mas ali, em Miami, faz todo o sentido.

Mango's Tropical Cafe

Mas deixemos a noite para mais tarde. O amanhecer mostra uma Miami que desperta ao seu próprio ritmo, afinal a praia é já ali ao lado e o dia ainda agora começou. Começámos por visitar o porto da cidade, local de passagem e paragem de muitos navios de cruzeiros internacionais.









Depressa atravessamos a ponte que liga Downtown Miami até Miami Beach. Nem o vento que se faz sentir no topo do autocarro turístico nos faz desviar a atenção e curiosidade ao passarmos pelo complexo de pequenas ilhas artificiais povoadas por mansões de famosos e cenário de séries e filmes como "Scarface".



Ponte de acesso à "Palm Island"

Caminhar pela Ocean Drive é como passear por um museu ao ar livre. Aqui podemos ver a maior colecção de edifícios Art Deco do mundo, grande parte deles hotéis. Ao contrário do que estamos habituados a ver nos Estados Unidos, em South Beach, os edifícios são relativamente baixos, nada de arranha-céus, o que nos faz sentir como se estivéssemos num pequeno bairro onde todos se conhecem. South Beach é movimentado e barulhento, mas ao mesmo tempo é um lugar acolhedor.








Percorrer as ruas de Miami Beach é como transportarmo-nos para uma qualquer cena dos inúmeros filmes e séries que tiveram a cidade como cenário. Há todo um imaginário sobre Miami e quando lá chegamos não ficamos desiludidos. Há miúdas giras a passearem-se de bikini com os seus patins calçados, há os rapazes jeitosos com as suas pranchas de surf a percorrerem as ruas de skate, as famosas e pitorescas casinhas coloridas de madeiras dos nadadores-salvadores estão lá, e as altas palmeiras preenchem as ruas de lés a lés.









A noite vai caindo devagar, as pessoas vão deixando a praia, e sem darmos por isso as luzes da rua e dos bares tomam o lugar do sol e tudo começa de novo. Porque Miami começa à noite.