terça-feira, 12 de julho de 2016

As luzes de Xangai



Chegar a Xangai de noite é ver a cidade no seu esplendor máximo. É comer a cereja do topo do bolo sem ter que provar o bolo em si. Xangai impressiona qualquer um como a cidade mais populosa da China e uma das maiores do mundo. O seu centro financeiro tem um enorme peso ao nível mundial e o seu porto de carga é um dos mais importantes. Talvez seja por isto que Xangai se distingue tanto de outras cidades da China continental. Xangai é claramente mais avançada e moderna, mais vanguardista e cosmopolita. 

Centro financeiro visto do "Bund"

Um passeio pelo famoso "The Bund", no lado Oeste do rio Huangpu, não deixa ninguém indiferente aos edifícios desenhados no céu do distrito financeiro de Pudong. As cores reflectidas no rio misturam-se com a água, num enquadramento ideal para a fotografia perfeita.

Mas as luzes não começam e acabam em Pudong. Caminhemos pela "Nanjing road", desde a "People's Square" até ao rio e, por consequência, ao Bund. Esta é principal rua de comércio de Xangai. Aqui, é imperativo olharmos para cima e deixarmo-nos encandear com as luzes dos neóns.

Nanjing Road



"The Bund"
Atravessando o rio para o lado Este, chegámos ao distrito de Pudong. Agora, temos uma vista completamente diferente dos edifícios que víamos do lado do "Bund". Aqui, vemos os arranha-céus de baixo para cima e sentimo-nos minúsculos Davids ao lado de tamanhos Golias. 


Da esquerda para a direita: Shanghai World Financial Center, Shanghai Tower
(edifício mais alto da China continental) e Jin Mao Tower

Subimos os 474 metros que separam o chão do observatório do Shanghai World Financial Center e a nossa perspectiva mudou. Agora temos uma vista de 360 graus sobre Xangai. Sentimo-nos no topo do mundo, daquele que é o nono edifício mais alto do planeta.

A imensidão de Xangai em maqueta
Vista do observatório com a Oriental Pearl
Radio & TV Tower em destaque (edifício rosa)

Ao contrário de outros edifícios, como o Burj Khalifa e o
Empire State Building,  que permitem uma vista sem a protecção de um vidro,
neste observatório isso não é possível, o que deixa um sabor agridoce.



O dia acorda com uma neblina matinal, ou será da poluição de que a cidade sofre, e a China, em geral? É Fevereiro e as mãos, que insistem em tirar fotografias, gelam. Voltamos ao "Bund", agora como ponto de partida para explorar a parte mais antiga de Xangai. Esta parte da cidade chama-se Nanshi. Aqui deixamos a modernidade de Pudong e imergimos na arquitectura tipicamente chinesa, nos templos ancestrais, nas lojas de rua com os seus fervorosos vendedores. Percorremos a caótica Yuyuan old street por entre empurrões e puxões porque "aqui é mais barato!". A época era de festa. Foi por altura do Ano Novo Chinês, uma data extremamente importante na China, e na Ásia, em geral. Por isso, as fofas ovelhas de papel penduradas pelas ruas davam-lhes um ar ainda mais alegre e colorido.









Ainda na mesma área, encontramos o City God Temple. Aqui, o profano das lojas e dos vendedores de rua coexiste muito bem com o sagrado de um dos mais importantes templos da cidade. O templo não é muito grande, mas vale a pena uma visita para quem está pela zona.









Ainda na parte mais antiga de Xangai e mesmo perto do templo, podemos visitar o Yu Garden, que foi sem dúvida o meu sítio preferido na cidade. No meio do rebuliço próprio de uma cidade sempre em crescimento e em constante movimento, este foi um local onde encontrei calma, onde o ar era um pouco mais puro do que no resto da cidade, onde o som do vento nas folhas e dos passarinhos cantava mais alto do que o dos carros e das pessoas.











A nossa visita por Xangai terminou com um sabor europeu. Fomos visitar o turístico bairro francês, referido como French Concession. Sim, é verdade! Em Xangai existe um bairro onde os telhados em bico e os templos dão lugar a prédios de tijolo, grandes avenidas e igrejas. De 1849 a 1943, esta era uma área controlada pelo governo de França. Apesar de o bairro ter passado para as mãos do governo chinês, a área ainda mantém o seu je ne se quoi francês, e ainda mantém o título de zona residencial luxuosa e com restaurantes e lojas da moda.